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Encol, Um case de sucesso ou de fracasso empresarial

Se você nasceu na década de 80, dificilmente deve ter ouvido falar da construtora Encol, uma empresa 100% brasileira que nasceu em Goiânia em 1961, fabricando tacos de madeira. Oito anos depois, sua sede foi transferida para Brasília onde a empresa pôde ser desafiada pelo mercado nacional e internacional, construindo desde obras populares, fábricas, estradas, a embaixadas para os EUA, Egito e Japão. Com essa expertise, a empresa se desenvolveu e expandiu suas atividades para todo o território brasileiro, se tornando uma grife na construção civil nas duas décadas seguintes, construindo e vendendo apartamentos residenciais.

Em 1987, a Encol recebeu o título “A Melhor e Maior do Ano” pela revista Exame, devido ao seu tamanho e importância no mercado da construção civil brasileira. Presente em quase todas as capitais do país, em parceria com universidades como a USP, IPT, UFSCar e outras, desenvolveu métodos e tecnologias para o setor, chegando a catalogar junto à ABNT 160 normas e procedimentos que beneficiam o mercado até os dias de hoje.

Foi, de fato, uma empresa à frente do seu tempo. Criou subsidiárias importantes para a fabricação de insumos e materiais como a produção de esquadrias e de tintas específicas para cada região do país; criou e desenvolveu as conhecidas portas prontas trazendo mais agilidade e qualidade para as obras; chegou a criar transportadoras e empresas de alimentação para atender seus mais de 27 mil funcionários espalhados pelo Brasil; criando ainda centros de treinamento para a qualificação de mão de obra que além de desenvolver seus funcionários, eram também locais utilizados para a exposição de métodos e tecnologias para o mercado.

Quem teve o privilégio de trabalhar na Encol, ou conhecer a grande riqueza de capital intelectual gerado pela companhia, se recusa a acreditar no final trágico ocorrido em 1997. Daí vem a provocação do título: se uma empresa que tanto conquistou, contribuiu e fez, e no final das contas foi à falência, deve ser considerada como um fracasso empresarial? Desconsiderando toda a trama descrita no livro “Encol o Sequestro”, escrito pelo seu fundador Pedro Paulo de Souza e, as mais diversas teorias veiculadas desde então, não seria ela, a Encol, um ótimo exemplo para quem é empreendedor e gestor?

Particularmente acredito que a empresa poderia ter tido um final diferente, se ela tivesse optado por soluções de mercado, em vez de buscar no governo uma saída mais rápida. Criminalizar estratégias, métodos organizacionais, enfim, jogar a empresa na vala comum da incompetência administrativa ou de erros financeiros, demonstra uma avaliação rasa de um case que oferece exemplos ricos para o empreendedorismo, a administração e a gestão de crises, ainda mais no mundo de hoje hiper conectado.

Para quem ainda não leu o livro, fica a dica: “Encol, o Sequestro – Tudo o que você não sabia”.

Saiba mais através do perfil do Instagram @livro.encol